quarta-feira, 22 de agosto de 2012

O pescador

Narra uma lenda chinesa que, às margens de imenso rio, vivia um pescador muito pobre. Mal o rosto dourado da manhã se abria em sorrisos e as mãos brincalhonas da brisa matinal começavam a espalhar perfumes, ele se levantava e seguia para o rio. As aves voavam alegres pelos ramos das árvores, em gorjeios maviosos. Mas nada disso animava Vicente, o pescador. Ele andava lento, depois de se levantar com preguiça. Tomava o café matinal sem prestar atenção ao pão que fora servido, com carinho. Com má vontade, naquela manhã, como em tantas outras, ele pegou suas redes de pesca, os apetrechos necessários e foi para o barco. O dia prometia ser maravilhoso. A mãe natureza se esmerava em preparar um detalhe diferente, para que a reprise do dia anterior não fosse total. Um detalhe, afinal, é sempre muito importante. Mas Vicente nada via. Foi resmungando para o barco. Sentou-se meio a contragosto, sempre reclamando e sentiu alguma coisa no chão. Sem olhar, apalpou com a mão direita. Encontrou uma sacolinha com pedras miúdas. Distraído, sem ânimo para iniciar o trabalho da pesca, começou a jogar as pequenas pedras no rio, aguardando a chegada do sol. Jogou uma a uma, divertindo-se com as ondulações que se desenhavam na superfície das águas. Finalmente, o sol apareceu soberano, rasgando a escuridão da noite, com o seu punhal de luz. Agora havia calor e muita luminosidade. O novo dia abriu seu manto de belezas para que todos o pudessem apreciar. Vicente, ao pegar a última pedra, verificou que ela cintilava, refletindo os raios do sol. Examinando melhor, percebeu que se tratava de um diamante, explodindo claridade e beleza. Levantou-se depressa e sacudiu a sacolinha. Estava vazia. Dando-se conta que jogara no rio uma imensa riqueza, Vicente se pôs a gritar, esbravejar, acusando todas as pessoas e o mundo por sua desgraça. Sentia-se infeliz e amargurado. Perdera um grande tesouro. Jogara tudo no rio. E, enquanto gritava e se desesperava, nem se deu conta de que ainda possuía nas mãos a última pedra preciosa.




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Se você acordou esta manhã com mais saúde do que doença, você é mais abençoado do que o milhão que não sobreviverá esta semana. Se você nunca passou pelo perigo de uma batalha, a solidão de uma prisão, a agonia de uma tortura, ou as aflições da fome, você está à frente de quinhentos milhões de pessoas no mundo. Se você tem a ventura de frequentar um templo religioso, de seguir uma religião sem o medo de ser preso, torturado ou morto, você é mais abençoado do que três bilhões de pessoas no mundo. Se você tem comida na geladeira, roupas no corpo, um telhado sobre a cabeça e um lugar para dormir, você é mais rico do que setenta e cinco por cento das pessoas do mundo. Por tudo isso, não se esqueça de agradecer a Deus a oportunidade da vida, da saúde, da liberdade e de todas as outras bênçãos de que você desfruta.

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