segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Eu precisava saber sobre Yoani Sánchez


Vendo ontem o programa Fantástico da rede Globo eu vi um noticia sobre uma blogueira de Cuba que vinha para o Brasil e tinha sido vitimas de protestos contra ela. E eu me perguntei: Porque? E fui ver quem é ela primeiramente.




Yoani Sánchez (Havana, 4 de setembro de 1975) é uma filóloga e jornalista cubana. Licenciada em Filologia em 2000 na Universidade de Havana, alcançou fama internacional e numerosos prêmios por seus artigos e suas críticas da situação social em Cuba sob o governo de Fidel Castro e de seu sucessor, Raúl Castro.


É conhecida por seu blog Generación Y, editado desde abril de 2007, com dificuldades, porque não pode acessá-lo de casa, e, por isso, definiu-se como uma blogueira "cega". A revista Time a incluiu em sua lista de "cem pessoas mais influentes de 2008", dizendo que "debaixo do nariz de um regime que nunca tolerou dissensão, Sánchez exerce um direito não garantido aos jornalistas que trabalham com papel: liberdade de expressão".


Yoani Sánchez Cordero Maria nasceu no município de Centro Habana, na cidade de Havana, uma das duas filhas de William e Mary Eumelia Sánchez Cordero. Seu pai trabalhava na rede ferrroviária do Estado, como o avô tinha feito antes, primeiro como operário e depois como um engenheiro. Quando o sistema de transporte ferroviário de Cuba entrou em colapso após o fim do comunismo na Europa, William Sanchez ficou sem trabalho, assim como muitos de seus colegas e, com isto, mudou para o ramo da reparação de bicicletas.
Frequentou a escola e fez seus estudos secundários em Centro Habana, incluindo a assistência às escolas de campo onde, como mencionado em seu artigo "O Hobbit Hole", a falta de individualidade e privacidade se tornou insuportável. Foram anos difíceis para a economia cubana, coincidindo com o colapso da União Soviética e da perda dos subsídios a Cuba, que tinha assumido cerca de oitenta por cento do comércio internacional em Cuba, durante quase três décadas.
Yoani conheceu o marido, o jornalista Reinaldo Escobar, em 1993 e em 1995 tiveram um filho chamado Matt. Desde então eles vivem juntos em um apartamento em Havana.
Em 1995 iniciou o curso de Filologia Hispânica, na Faculdade de Letras e Artes, da Universidade de Havana. Durante a passagem pela universidade ela percebeu duas coisas:"que detestava o mundo da intelectualidade e da alta cultura, não queria mais ser filóloga." Em 2000 ela se formou na Universidade de Havana, com o título de Filologia, e uma tese controversa: Um estudo da literatura da ditadura na América Latina. Em setembro de 2000 ela conseguiu um emprego na Editora Gente Nueva, dedicada à literatura infantil. Depois de um curto período de tempo na editora, pediu demissão e passou a ensinar espanhol a turistas alemães, com um rendimento superior ao anterior. Muitos profissionais graduados cubanos, por causa da crise e falta de oportunidades, adotaram caminhos semelhantes. Em 2002, Yoani decidiu deixar Cuba por razões econômicas e emigrou para a Suíça, onde descobriu o computador como uma profissão e meio de subsistência.
Entretanto, em 2004 Yoani retornou a Cuba. Na entrada do blog "Eu vim e fiquei", ela relatou que voltou para a ilha por razões familiares, mas havia perdido o seu direito de regressar a Cuba por ter ficado fora por mais de onze meses sem uma licença especial. Para evitar a expulsão de seu próprio país ela destruiu seu passaporte, que lhe permitiu voltar a estabelecer-se em Havana.
Em 2009 a Editora Contexto publicou uma coletânea de seus textos, chamada De Cuba, com carinho.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Entrevista com o pré-conceito

 Ontem eu assisti a entrevista da Marília Gabriela com Silas Malafaia. Eu sempre amei as entrevistas de Marília Gabriela e quando soube que seu entrevistado era o Silas Malafaia fiquei muito interessado de ver. Porém com eu acordo cedo não deu pra mim ver. E não foi minha surpresa ver o bafafá que a entrevista deu. Os temas falados iriam ser mesmo muito polêmicos. E eu sendo evangélico e sendo contra o lado que os evangélicos ficam nessa briga não podia deixar de ver essa entrevista.



Achei um absurdo o que Silas fala. Acho que devemos parar de olhar para um livro escrito para um povo antigo e atrasado e ver verdadeiramente o que é certo ou errado. Quem está errado? Pessoas que apenas querem escolher quem desejam dividir a vida. Ou uma sociedade que quer impor com quem eles devem dividir essa vida. Pessoas que querem dar carinho, amor e uma família para uma criança. Ou pessoas que preferem manter essas crianças em orfanatos do que numa família.

Materia escrita pela super interessante 

Começo de ano é sempre igual na escola de Theodora: cada aluno se apresenta e mostra as fotos da família. Pode ser que a menina da primeira carteira seja filha de um engenheiro e uma arquiteta e o pai do menino de cabelos vermelhos chefie a cozinha de um restaurante. Theodora, naturalmente, vai contar sobre a escola de cabeleireiros dos pais. Dos dois pais - Vasco Pedro da Gama e Júnior de Carvalho, juntos há quase 20 anos. Theodora não hesita em explicar para os colegas: não mora com a mãe e tem dois pais gays. Ela passou 4 anos num orfanato, até 2006, quando uma juíza de Catanduva, interior de São Paulo, autorizou a adoção. Nos próximos meses, a família vai crescer: o casal espera a guarda de uma nova menina, de apenas alguns meses de idade.

Na outra metade do mundo, a história com pais gays da americana Dawn Stefanowicz foi diferente. Por toda a vida, Dawn conviveu com a visita dos vários namorados do pai. Ele recebia homens em casa, embora ainda morasse com a mãe de Dawn- o casal já não se relacionava. Ela segurou as pontas em silêncio durante a infância, adolescência e início da fase adulta. Mas depois dos 30 se rebelou contra a situação. "A decisão do meu pai de não gostar mais de mulheres mudou minha vida. Os namorados dele sempre o afastaram, e ele colocava o trabalho e os namorados acima de mim", diz.

Dawn e Theodora fazem parte de um novo tipo de família. Somente nos EUA, segundo estimativa da Escola de Direito da Universidade da Califórnia, 1 milhão de lésbicas, gays, bissexuais e transexuais criam atualmente cerca de 2 milhões de crianças. E cada vez mais casais gays optam por criar seus próprios filhos. Segundo o mesmo instituto, em 2009, 21.740 casais homossexuais adotaram crianças - quase o triplo do número de 2000. A estimativa é que cerca de 14 milhões de crianças, em todo o mundo, convivam com um dos pais gays. Por aqui, onde mais de 60 mil casais gays vivem numa união estável (reconhecida perante a lei apenas no ano passado), a história é mais recente. O caso de Theodora foi a primeira adoção por um casal gay. E isso não faz tanto tempo assim - só 6 anos.

É justamente por ser tão recente que o assunto gera dúvidas, preconceitos e medos. Quais as consequências na personalidade de uma criança se ela for criada por gays? A resposta dos estudos é bem clara: perto de zero. "As pesquisas mostram que a orientação sexual dos pais parece ter muito pouco a ver com com o desenvolvimento da criança ou com as habilidades de ser pai. Filhos de mães lésbicas ou pais gays se desenvolvem da mesma maneira que crianças de pais heterossexuais", explica Charlotte Patterson, professora de psiquiatria da Universidade da Virginia e uma das principais pesquisadoras sobre o tema há mais de 20 anos.

Como, então, explicar as queixas de Dawn e a vida tranquila de Theodora? "O desenvolvimento da criança não depende do tipo de família, mas do vínculo que esses pais e mães vão estabelecer entre eles e a criança. Afeto, carinho, regras: essas coisas são mais importantes para uma criança crescer saudável do que a orientação sexual dos pais", diz Mariana Farias, psicóloga e autora do livro Adoção por Homossexuais - A Família Homoparental Sob o Olhar da Psicologia Jurídica. Enquanto Theodora mantém uma relação próxima dos pais, com conversas abertas sobre sexualidade, Dawn não teve a mesma sorte. Para piorar, ela cresceu em um ambiente ríspido e promíscuo (o pai levava diferentes homens para casa e não lhe deu atenção durante os anos mais importantes de sua formação). Mesmo assim, sobram mitos em torno da criação de filhos por pais e mães gays. Veja aqui o que a ciência tem a dizer sobre eles.

Mito 1. "Os filhos serão gays!"


A lógica parece simples. Pais e mães gays só poderão ter filhos gays, afinal, eles vão crescer em um ambiente em que o padrão é o relacionamento homossexual, certo? Não necessariamente. (Se fosse assim, seria difícil, por exemplo, explicar como filhos gays podem nascer de casais héteros.) Um estudo da Universidade Cambridge comparou filhos de mães lésbicas com filhos de mães héteros e não encontrou nenhuma diferença significativa entre os dois grupos quanto à identificação como gays. Mas isso não quer dizer que não existam algumas diferenças. As famílias homoparentais vivem num ambiente mais aberto à diversidade - e, por consequência, muito mais tolerante caso algum filho queira sair do armário ou ter experiências homossexuais. "Se você cresce com dois pais do mesmo sexo e vê amor e carinho entre eles, você não vê nada de estranho nisso", conta Arlene Lev, professora da Universidade de Albany. Mas a influência para por aí. O National Longitudinal Lesbian Family Study é uma pesquisa que analisou 84 famílias com duas mães e as comparou a um grupo semelhante de héteros. Ainda entre as meninas de famílias gays, 15,4% já experimentaram sexo com outras garotas, contra 5% das outras. Já entre meninos, houve uma tendência contrária: 5,6% nos adolescentes criados por mães lésbicas tiveram experiências sexuais com parceiros do mesmo sexo - mas menos do que os que cresceram em famílias de héteros, que chegaram a 6,6%. Ou seja, não dá para afirmar que a orientação sexual dos pais tenha o poder de definir a dos filhos.


Mito 2. "Eles precisam da figura de um pai e de uma mãe"


Filhos de gays não são os únicos que crescem sem um dos pais. Durante a 2ª Guerra Mundial, estima-se que 183 mil crianças americanas perderam os pais. No Brasil, 17,4% das famílias são formadas por mulheres solteiras com filhos. Na verdade, os papéis masculino e feminino continuam presentes como referência mesmo que não seja nos pais. "É importante que a criança tenha contato com os dois sexos. Mas pode ser alguém significativo à criança, como uma avó. Ela vai escolher essa referência, mesmo que inconsciente-mente", explica Mariana Farias. Se há uma diferença, ela é positiva. "Crianças criadas por gays são menos influenciadas por brincadeiras estereotipadas como masculinas ou femininas", diz Arlene Lev. Uma pesquisa feita com 56 crianças de gays e 48 filhos de héteros apontou a maior probabilidade de meninas brincarem com armas ou caminhões. Brincam sem as amarras dos estereótipos e dos preconceitos.

Mito 3. "As crianças terão problemas psicológicos por causa do preconceito!"

Elas sofrerão preconceito. Mas não serão as únicas. No ambiente infantil, qualquer diferença - peso, altura, cor da pele - pode virar alvo de piadas. Não é certo, mas é comum. Uma pesquisa da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas com quase 19 mil pessoas mostrou que 99,3% dos estudantes brasileiros têm algum tipo de preconceito. Entre as ações de bullying, a maioria atinge alunos negros e pobres. Em seguida vêm os preconceitos contra homossexuais. No caso dos filhos de casais gays analisados pelo National Longitudinal Lesbian Family Study, quase metade relatou discriminação por causa da sexualidade das mães. Por vezes, foram excluídos de atividades ou ridicularizados. Vinte e oito por cento dos relatos envolviam colegas de classe, 22% incluíam professores e outros 21% vinham dos próprios familiares. Felizmente, isso não é sentença para uma vida infeliz. Pesquisas que comparam filhos de gays com filhos de héteros mostram que os dois grupos registram níveis semelhantes de autoestima, de relações com a vida e com as perspectivas para o futuro. Da mesma forma, os índices de depressão entre pessoas criadas por gays e por héteros não é diferente.

Mito 4. "Essas crianças correm risco de sofrer abusos sexuais!"


Esse mito é resquício da época em que a homossexualidade era considerada um distúrbio. Desde o século 19 até o início da década de 1970, os gays eram vistos como pervertidos, portadores de uma anomalia mental transmitida geneticamente. Foi só em 1973 que a Associação de Psiquiatria Americana retirou a homossexualidade da lista de doenças mentais. É pouquíssimo tempo para a história. O estigma de perversão, sustentado também por líderes religiosos, mantém a crença sobre o "perigo" que as crianças correm quando criadas por gays. Até hoje, as pesquisas ainda não encontraram nenhuma relação entre homossexualidade e abusos sexuais. Nenhum dos adolescentes do National Longitudinal Lesbian Family Study reportou abuso sexual ou físico. Outra pesquisa, realizada por três pediatras americanas, avaliou o caso de 269 crianças abusadas sexualmente. Apenas dois agressores eram homossexuais. A Associação de Psiquiatria Americana ainda esclarece: "Homens homossexuais não tendem a abusar mais sexualmente de crianças do que homens heterossexuais".

Dá para adotar no Brasil?


A lei de adoção brasileira deixa brechas para a adoção por gays sem fazer referência direta a esse tipo de família. Em 2009, quando houve mudanças na legislação, casais com união estável comprovada puderam entrar com pedido de adoção conjunta, sem o casamento civil. Em maio de 2011, o Supremo Tribunal Federal (STF) garantiu o reconhecimento de união estável entre pessoas do mesmo sexo, fazendo valer também a eles os direitos previstos para casais héteros. Apesar das conquistas, uma pesquisa do Ibope revelou que 55% dos brasileiros são contra a união estável e a adoção de crianças por casais homossexuais.


Reportagem da Revista Crescer


Construir uma família Nossa "gestação" começou no dia 3 de junho de 2005, quando a Justiça de Catanduva, cidade no interior de São Paulo, nos autorizou a entrar na fila da adoção. Após 13 anos de união, decidimos que era hora de ampliar a família. Como todo relacionamento, o nosso também teve fases. Namoramos, casamos e sentimos a necessidade de dar continuidade à nossa relação. Só uma criança teria essa capacidade. Fomos então pedir permissão à Justiça. A rápida decisão favorável surpreendeu.

Erika Martino


Hoje, com a Theodora em casa, descobrimos que tínhamos uma centena de coisas para aprender. Passear nos fins de semana, ter horários fixos, manter um bom estoque de comida e até deixar o uniforme limpo para o próximo dia de aula. Ah, ela adotou um vira-lata, o Gaia. A prateleira do quarto dela tem dezenas de bonecas, mas é superorganizada. Só sai de casa com o cabelo arrumado e perfumada. É muito vaidosa. Por essas atividades rotineiras, nem eu nem o Júnior tínhamos passado. E eu não sei mais viver sem. Em uma consulta com o pediatra, levei-a no colo. As mães adoraram ver um pai no médico, se preocupando com a saúde da filha. Diziam que os maridos nunca fizeram isso.
 Mas, quando em outra consulta, conheciam meu parceiro, às vezes, ficavam reticentes. Por que posso ser um bom pai sozinho e não acompanhado pelo meu companheiro? É difícil que essas situações constrangedoras aconteçam, porque somos muito queridos na cidade. As pessoas nos conhecem e sabem o quanto desejávamos construir uma família. Tudo que nos chega é positivo.
O relacionamento com outros pais é natural.
Também, só fazemos os programas dela (risos). Já tivemos a fase das conversas ‘reveladoras’. Como ela chegou com 4 anos, sabia um pouco da sua história, mas nós contamos tudo de novo. Explicamos que ela era adotiva e do amor que sentimos quando a vimos pela primeira vez.
Ela colocou um anel, daqueles que vêm em doces, na mão do Júnior. Era o início do nosso compromisso. Apresentamos a madrinha, uma espécie de mãe para ela. Até inventei uma historinha: a letra M juntou com a letra A, rolou morro abaixo e virou madrinha. Nosso vínculo afetivo foi imediato. Temos agora a guarda definitiva. Na certidão, consta o nome dos dois pais. Mas, durante mais de um ano, tínhamos de falar com a juíza periodicamente. A Theodora sempre me perguntava se ia continuar conosco. Eu dizia que sim. Na última vez, perguntei se ela queria mandar um recado para a juíza. Ela disse: ‘Fala para ela obrigada, porque eu estou muito feliz’."